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Arquitetos: ATKA arquitectos
- Área: 187 m²
- Ano: 2017
Descrição enviada pela equipe de projeto. Quatro planos verticais a céu aberto. Travejados, asnas de cobertura, réguas, tabiques e escadas em madeira tinham sido subtraídos do seu miolo, sobrando o casco envolvente contaminado por deformações excessivas. Ainda que pareça estranho, a forma como a luz passava pela ‘’não cobertura’’ era absolutamente espetacular. O sol entrava com toda a sua força queimando as madeiras que restavam, e enchendo-a com sombras pouco habituais nas casas do Porto que conhecíamos. Estes foram os fragmentos que se visualizaram no primeiro impacto com aquele lugar, e o projeto partiu então da ideia desta casa que se olha em si mesma.
Uma escada recorta em curva um plano de tabique de madeira que se interpõe no espaço, mas antes, o que lhe precede é um corte transversal, um vazio de 8 metros de altura com a largura total da casa, que se caracteriza pelas superfícies brancas e refletoras por onde a luz solar se movimenta atravessando os seus diferentes níveis. Se o olhar é dirigido, verticalmente, para esse mesmo rasgo, outro corte se percepciona no espaço: um vazio ao nível horizontal provocado pela semi-elevação de uma plataforma em madeira, valorizando o espaço térreo em betão, em tempos sombrio, e possibilitando agora comunicação visual desde a entrada até ao exterior.
Nesse exterior apresenta-se um bloco monolítico de betão, desenhado à semelhança de um maciço de granito, com as impressões marcadas da textura das réguas de madeira de pinho, e sobressaindo dois triângulos pretos na composição daquele. O espaço interior desenha-se com simplicidade e contrastes de cor cinza claro e preto, entre os planos de réguas de pinho e as vigas de madeira à vista, que constroem a estrutura dos pavimentos.